quinta-feira, agosto 26, 2010

Legal mesmo é nascer rica

Enquanto estava fazendo um sanduíche de presunto, pensei com nostalgia dos dias das férias quando comia salame com limão sem pensar no quanto custou para comprá-los. De uma sinapse para outra, cheguei à conclusão de que tenho que ser rica o mais rápido possível. Mas depois de pensar em tudo que eu poderia comprar, concluí que o legal mesmo é nascer numa família rica.
  1. Você não terá que se preocupar em ficar rico, você ja terá nascido rico;
  2. Você não ficará frustrado caso não consiga ficar rico;
  3. Aos 15 anos, você irá para a Disney/qualquer outro lugar abroad e poderá esfregar isso na cara dos seus amigos não tão ricos
  4. Terá todos os mais novos gadgets. Além de poder adquiri-los quando ainda estão caríssimos, você saberá como usá-los, ao contrário de seus pais (que terão tido todo o trabalho de ser ricos);
  5. Cirurgia plástica para o caso de você não gostar de como você nasceu (Ao contrário de nós, reles mortais, que tudo o que podemos fazer é "aceitar quem somos", você pode simplesmente ir lá e tadã! ta linda, a menina)
  6. Passear na Oscar Freire e entrar nas lojas sem falar "tô só dando uma olhadinha"
  7. Show de: New Kids on The Block/ Backstreet Boys/ Bandas Emo/ Lady Gaga não será no Brasil? Pega um avião e vai!
  8. Não ter apenas 1 batom de marca famosa que custou mais de R$60,00. 
  9. Chamar seus amigos para as festas na sua casa de praia (condomínio fechado e piscina)/ chácara (condomínio fechado e piscina) ou apê na Avenida Paulista (esse não precisa de piscina, mas se tiver, melhor)
  10. Fazer limpeza de pele, massagem, pilates e ir à manicure e pedicure pelo menos 2 vezes ao mês.
  11. Poder pagar de cult e engajada (afinal, você tem dinheiro para manter viagens para encontrar "companheiros" de outros Estados, organizar eventos, ir à todos os congressos, comprar roupa indiana e chinelinhos de couro ecológico - que são muito mais caros do que um jeans e um chinelo)
De que me adiantará poder ir à Disney depois dos 30? Se até lá tiverem lançado algo melhor que todas as coisas da Apple, eu terei as manhas de saber usar? Irei me acomodar na classe média mesmo e guardar dinheiro para ir à Oscar Freire uma vez que seja.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Estou ficando velha

Essa semana, estava caminhando pelo campus da minha faculdade quando vi uma mãe com seu filho de uns 11 anos. Ele estava falando para ela de seu dia, das coisas que tinha aprendido e estava muito empolgado, atitude típica de criança. Ela ouvia, sorria e passava a mão no cabelo dele dizendo "humm.. que bom, meu filho", atitude típica de mãe.


Quando eles se aproximaram e minha quase completa surdez permitiu ouvir o que eles conversavam, ele diz: "Mãe, descobri um jogo muuuito, muito, mas muito velho mesmo... É um tal de.. Street Fighter... Mó velho, meio tosco, achei muito louco".


Congelei. Ele salientou tão bem o quão velho era o jogo que senti rugas enormes surgindo em mim. Eu joguei Street Fighter! Eu adorava Street Fighter - mas preferia mil vezes o Mortal Kombat (sim, defendo o Mega Drive e não gosto da Nintendo. E dai?). Cheguei ao laboratório e descubro o ano de lançamento do jogo: 1993. DEZESSETE ANOS. 


Sim, estou velha. Só de pensar nas pessoas que não irão crescer e lembrar com nostalgia da TV Colosso mas sim de Teletubbies me faz sentir mais velha ainda. E isso é só o começo. Não quero pensar em como vou me sentir aos 40 anos. Mas estou, desde o momento em que ouvi aquela frase.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Uma estória da depilação

Os macacos viviam em paz em sua sociedade altamente desenvolvida. Todos ajudavam na manutenção dos vilarejos, controlavam o estoque de comida, organizavam grupos de caça e de coleta de frutas. Casavam e tinham lindos macaquinhos. Assim como em todas as sociedades haviam os desertores, os marginais. E, como em todas as sociedades, eram punidos.


A punição era sem misericórdia: a tortura que além de castigar, mostrava ao resto da comunidade  a insígnia da vergonha. O método era simples: amarrava-se a vítima em uma superfície plana, lhe aplicavam uma substância quente e grudenta. Assim que ela secava um pouco, os pelos da vítima eram arrancados sem piedade e sua pele ficava aparente por semanas.


Um dia, um torturado resolveu se rebelar e foi viver no mundo selvagem. Sem pelos no corpo todo, sentiu frio. Na selva, avistou ao longe uma fogueira, caminhou até o local e descobriu mais macacos sem pelo. Como viviam na selva, eles usavam couro de animais que eles haviam caçado com ferramentas muito mais mortais que as que tinham nas vilarejos. Resolveram então, se vingar dos macacos que os expulsaram.


Começou assim uma guerra sangrenta. Assim, os macacos sem pelo, depois conhecidos como homens, asseguraram que a depilação seria característica de desenvolvimento e evolução.


Uma vez por mês, na mesa da estetecista, maldigo esses macacos sem pelos.