quarta-feira, outubro 01, 2008

De como somos egocêntricos ou De como aprendi a gostar de ser sozinha

Ontem à noite, estava passando um filme na televisão – muito ruim, por sinal. Mas teve uma cena que realmente importou. Era a de um casal, e ele dizia para ela o quanto ela era linda, inteligente e engraçada. E ela dizia: “Faltou o sexy”. Ok. Corta. Se ela sabe que ela é sexy por que precisa de alguém dizendo isso a ela? Por que o ser humano tem essa necessidade incontrolável de atenção? Por que precisamos de alguém nos elogiando?

Antes, eu costumava ser uma pessoa diferente. Carente, desesperada por atenção. Louca, como muitos diziam. Hoje não, estou diferente. Não namoro há mais de um ano e para mim, isso sempre foi um desafio. Como alguém tão carente podia passar tanto tempo sozinha? Sem ninguém para dormir juntinho, comer, sorrir, dividir, compartilhar. Enfim, não ter uma companhia. Alguém que, sem ser da minha família, se importasse comigo de verdade. Achei que fosse morrer.

Mas hoje, não sou mais assim. Ficar calada agora não me machuca mais. Não ter a esperança de um número no meu celular aparecer? Sussa. Fazer um delicioso nhoque só para mim? Nenhum problema. Até ver filmes sozinha (antes algo nunca imaginado por mim) me deixa feliz – afinal, agora posso por na legenda em inglês e suspirar cada vez que eu vejo o Johnny Depp.

O que me entristece mesmo é saber que eu demorei um ano para aprender a não só conviver comigo, mas a gostar um pouco de mim mesma. Me vestir e me arrumar para mim, comprar uma roupa para mim, dormir sorrindo porque estou abraçada no bichinho de pelúcia que eu ganhei da minha mãe com seis anos. Dançar e cantar como uma adolescente. Tudo isso sem me preocupar com “ele”.

É por esses motivos que fiquei tão magoada quando eu vi naquele filme um traço do ser humano, um traço meu de um passado não tão antigo. Dessa necessidade toda de aprovação, dessa necessidade do outro. Sinceramente? Creio que estou deixando de ser humana, então.

Ou não. Senão, por que teria feito um blog para as pessoas verem textos que antes eu só fazia para mim mesma?... e quem precisa de terapeuta, hein?